Thursday, April 26, 2007

Declínio da utopia pessoal

Esta resenha, publicada no caderno "Idéias & Livros", do Jornal do Brasil, no dia 21/4, é assinada por Henrique Rodrigues, um jovem escritor completo, que tive o privilégio de conhecer fazendo exercícios e experiências com diversos gêneros – dramaturgia, contos, crônicas e poesia – na oficina do Antônio Torres, na Uerj. Ele acaba de publicar pela Record o livro “A musa diluída”, uma coleção de poemas. É um craque, o que valoriza (sem falsa modéstia) os comentários que ele fez sobre o livro. Clique na imagem para ler.

Wednesday, April 25, 2007

Alguns comentários

Seguem comentários sobre o romance Faz que não vê. Alguns foram publicados e outros enviados ao autor.


Benício Medeiros - 22/3/2007 – Seção Jornalistas recomendam (Portal ABI)

Recomendo, com a maior ênfase, o romance Faz que não vê, de Altamir Tojal, um jornalista experiente que agora faz sua estréia como ficcionista. Trata-se de uma história bastante atual (principalmente depois que o Zé Dirceu se declarou capitalista), sobre um ex-guerrilheiro que, depois da democratização, ingressa na selva do mundo empresarial e convive com os traumas do passado e do presente. O romance é instigante, desses que v. não consegue parar de ler e, além disso, super bem escrito.


Wady Jasmin - 27/11/06
Bom, Tojal. Muito bom! Para mim, que vivi tantos portos – e, lamentavelmente, sigo vivendo entre surpreso e receoso a cada nova esquina –, melhor ainda.

Lido o livro no sábado, de um só estirão, sai para comprar um, de pura homenagem à fração de texto ao pé da página 110: “Santa Inflação, padroeira dos fortes e mãe da ilusão. Quem perdeu não percebeu. Quem percebeu não reclamou. Quem reclamou não levou”… ou, sei lá, à “grande fábrica de beneficiários e cúmplices”, mais adiante, à página 189: “Liberdade para trabalhar mais… Bônus para desmoralizar… Doação para escamotear… Consumismo para fidelizar. Porrada para acovardar.”

Sempre achei, Tojal, que o leitor é um navegante por mares desconhecidos. Foi dessa perspectiva que quis ensinar aos meus filhos a beleza de ler enquanto também se constrói um livro que é seu; a mágica de buscar rever sua própria história a partir daquela que o autor generosamente oferece. O mar que naveguei em seu livro era-me certamente familiar; conhecido; quase transparente! E, ainda assim, um mar senhor de tanto mistério que de certa forma pareceu-me nunca tê-lo antes viajado. Fiz que não vi…


Revista Continente Multicultural - Novembro 2006




Adilson Drubscky – 25/9/2006

Fui pra roça nesse fim de semana. Choveu muito. Comida mineira no almoço, queijo e vinho à noite, e boa literatura entre um papo e outro, com uma cochilada no meio, é claro.

Gostei muito do Faz Que Não Vê. Sobretudo da aporia enunciada em 10, pg. 189. A melhor, dentre as muitas com que até hoje me deparei.


Beatriz Horta Correa – 8/10/2006

Excelente texto, original e fluente. O protagonista é bem delineado na sua insatisfação e inquietação. A trama excessivamente sincopada às vezes dificulta o entendimento. Haveria mais o que dizer, mas acho que isso é o principal.


Henrique Pereira – 3/10/06

Se tivesse que resumir o meu sentimento depois de ler o livro eu diria, simplesmente – gostei muito! A história é muito interessante, a forma como você construiu os personagens permite uma imagem bem nítida de todos eles e o ritmo do livro torna difícil parar de ler. Se juntarmos a tudo isto a sua experiência do mundo corporativo e do mundo político, temos todos os ingredientes para um livro de sucesso.

O único ponto que, no inicio, me deixou um pouco desapontado com o livro foi a sua técnica de escrita que você definiu no lançamento como quase um zapping. No inicio me deixava uma sensação negativa mas que, ao longo do livro, se transformou num dos pontos mais positivos. Definitivamente vou ficar esperando o seu segundo livro.


Guilherme Simões Reis – 21/12/2006

Aproveitei o comecinho das férias para ler seu livro. Gostei, parabéns. O maior mérito é, para mim, a sua capacidade de apresentar uma rede de relações nos bastidores dos altos escalões, entre amigos, parceiros de ocasião, rasteiras e inimigos.




Alexandre Moreira – 17/6/2006

Ao terminar a leitura do seu livro custou-me abandonar as areias, os ventos, a vila e os rudes habitantes da Ponta da Esmeralda, ou a vista do contorno monolítico do Pão de Açúcar a esconder parte da rota dos aviões, ou mesmo a enfumaçada e espelhada ambientação dos bares, a claustrofóbica concepção das salas de reuniões, as barrentas subidas e descidas dos morros cariocas, o emparedamento dos esconderijos. Despedir-me do Delano, Cecília, Elisa, Tiago, Vicente, Maria Laura, Cristóvão, Clarissa foi ainda mais conflitante, pois alguns não queria nunca ter conhecido.

Seu livro, na sua construção cinematográfica, de cenas interdependentes, transporta o leitor aos meandros do submundo que sabemos existir e tentamos a duras penas esquecer. Você descreve, com frases curtas e secas, a angústia do viver, seja ele no Joá ou no Borel, sem fazer concessões. Não há invulnerabilidade nos seus personagens. Todos se assemelham, de uma maneira ou de outra, nas suas buscas pela felicidade a qualquer custo, seja lá o que essa felicidade signifique (poder, idealismo, ambição, sexo). Ninguém é herói, a não ser em causa própria. Por isso mesmo, críveis.
Seu talento, Altamir, já prenunciado pelo Antônio Torres, é evidente no seu escrito. Seu estilo é próprio e seus recursos profícuos. Talento e conhecimento.


José Luiz Braga - 8/2/07

Tojal: Acabei de ler seu livro. Foi uma pena ter acabado, pois a gente não consegue parar de ler.

Achei ótimo! Leitura prazerosa, cativante, com excelente ritmo de leitura - parecia até que havia uma câmera sempre mudando de plano – e uma estória que, enquanto prendia, questionava. Aí eu me dei conta de que o titulo do livro já é uma provocação, pois a saga do Delano faz nosso espelho embaçar. Então, continua escrevendo, tá?!


Carlos Maia – 29/9/06

Mas que livro! Resolvi folheá-lo para dar uma espiadela e pronto, fui capturado pelo texto. Parei tudo e devorei a trama, fio por fio. Um prazer para a inteligência do leitor.

A pretexto de escrever ficção o Altamir desenvolveu uma análise potente de aspectos marcantes da realidade tupiniquim. Um senhor ensaio em forma de romance.

Fiquei com diversas inquietações e sinto a necessidade de discutir sobre algumas percepções do texto. Faço uma proposta aos que já se deliciaram: Vamos marcar uma tertúlia com o autor assim que haja massa crítica de leituras?
Mas como não dá para esperar em silêncio, quero adiantar um comentário que não interfira na degustação dos demais leitores. Fui especialmente sensível ao tratamento que o livro dá ao processo de transformações sofridas por aquele grupo de garotos e garotas engajados na rebeldia dos idos de 68, e hoje em torno dos seus sessenta anos.
De tudo que já li sobre a tal “geração 68” este texto é a mais competente avaliação sobre as mudanças nas subjetividades daquela garotada, até nossos dias. É um tratado de subjetivação sem conceder às simplificações usuais.