Sunday, September 17, 2006

O universo sedutor do poder

Mensagem do autor:

Tenho a alegria de informar que Faz que não vê chegou às livrarias e está disponível no portal da Cultura. O romance publicado com o selo da Editora Garamond, é um thriller político que tem como pano de fundo o universo sedutor do poder e a busca, a qualquer preço, da satisfação de desejos, necessidades e ambições.

O livro conta a história de um ex-guerrilheiro que se converte em yuppie nos anos 90 e se envolve numa trama que mistura negócios, política e crime. Composto de cenas interdependentes, o romance é ambientado na atmosfera de grandes empresas, gabinetes de autoridades, casas luxuosas e esconderijos de criminosos, conduzindo o leitor aos meandros do submundo que nós conhecemos, mas, muitas vezes, tentamos não ver e esquecer.

Comecei a escrever este livro em 2001 e terminei em 2005. Uma das motivações do romance era refletir sobre a tensão ética e descrever os bastidores do comportamento de uma parte da geração, na qual me incluo, que sonhou e desejou muito, se apaixonou pelo sonho e não mediu sacrifícios pelo desejo, e parece estar vivendo a frustração de entregar muito pouco: algumas mudanças talvez para melhor e outras muitas para pior.

Como construção literária, o projeto era contar uma história interessante, com bastante ritmo, na atmosfera de niilismo e desencanto político que predomina nas últimas décadas. Escolhi o tempo da era Collor e uma trama povoada de empresários, políticos, sindicalistas e criminosos envolvendo interesses na decadente Zona Portuária do Rio de Janeiro.

A idéia e o início do livro antecederam, portanto, a eleição de Lula em 2002. A trama e o drama dos personagens também nasceram antes disso. Nunca duvidei da lição cotidiana de que a realidade é mais forte que a ficção. E fui comprovando isso dia a dia, na medida em que ia escrevendo e acompanhava cada capítulo dos acontecimentos que produziram a presente crise política no país, tendo como protagonistas alguns dos mais destacados líderes e ídolos dos que resistiram à ditadura e acreditaram na revolução.

Ao mesmo tempo, eu verificava - às vezes com espanto - a correspondência entre as diferentes erupções da tensão ética dos personagens do romance e o comportamento dos atores da crise política. E isso reforçava aquela motivação original do livro.

Há alguns meses, recebi do amigo e mestre Antonio Torres o texto da orelha do livro, destacando que o enredo do romance funcionou como trama e também como representação do sistema que se agiganta como poder paralelo e ameaça a todos enovelar em sua teia, atravessando diferentes eras e governos.

O texto de Antonio trouxe o conforto de ver percebida a pretenção do livro de fabular representando aspectos da problemática ética do presente. Quis fazer isso sem qualquer julgamento moral nem aposta política ou existencial, a não ser na crença de que não há saída da realidade para a utopia e, portanto, que não há como fugir de nós mesmos nem do aqui e agora.

1 Comments:

At 4:59 AM, Anonymous Anonymous said...

Que bom rever vc, Altamir!!!
E ainda por cima, como escritor...rs
Se não estiver viajando por conta do trabalho ( sou assessora de imprensa da Serla), vivo muito nos matos do estado do Rio,na beira das lagoas, pondo o pé na lama), vou abraçar vc com muita alegria.
Desejo-lhe mais sucesso e saúde, sempre. beijo
Cida Torneros

 

Post a Comment

<< Home